O amor.
Tomando uma imensa liberdade, estou aqui citando novamente um blog de uma amiga virtual. Engraçado como toda minha vida é transparente e nesse mar virtual acabam surgindo algumas (poucas) amizades legais. Mesmo que continuem virtuais.Uma vez mais devo declarar que já não tenho mais paciência para confabular sobre esse assunto nebuloso, o que não me impede de ler e gostar (ou não) do que falam por aí. Segue um post da Violeta, dona do Cannibal Café, que está nos links aí do lado.
Sirvam-se.
Terça-feira, Agosto 30, 2005
Amor
Ela imagina o amor como uma casa enorme, velha, sempre vazia, a não ser quando os fantasmas aparecem. Os fantasmas do amor são homens incapazes de ouvir, ver, falar, eles não aparecem porque a perseguem, mas porque ela os convidou para morar naquela casa e ela insiste em enxergá-los com a cabeça cortada.
O amor está em todos os seus textos e ainda que ela se esforce para não escrever a palavra linha após linha, são as letras a-m-o-r as que ela espalha pela página, numa composição regida por uma lógica que somente os loucos são capazes de compreender.
Na última vez em que a encontrei, seus olhos verdes olhavam para mim como se eu também fosse um de seus fantasmas sem cabeça e enquanto ela abria a boca e pronunciava frases que só fariam sentido dentro de um pesadelo, eu sabia que era amor, amor, amor, aquilo que fervia por debaixo de sua fala e toquei suas mãos geladas e disse a ela para afogar esse amor morto, sem olhos nem boca, que ela colocava para encher a casa velha, como se a presença torturada de fantasmas inventados fosse coisa melhor do que o vazio.
Ela, surda igual a todos os que vivem em busca de algo que só pode ser encontrado num quarto escuro onde tudo foi destruído e não restou mais nada, não me deu ouvidos. E nesta madrugada quente, eu sei, ela dorme e sonha com os fantasmas que ela mesma criou e que fogem dela, atormentados feito loucos.
Publicado por Violeta Bataglia às 2:41 AM
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