sexta-feira, setembro 16, 2005

Sobrecarga.

Overload. Superload. Extraload. Ultraload. Hyperload. Tilt. Then reload it all again...

É bom ou é ruim ter MUITA coisa pra fazer? Certamente é ruim em alguns aspectos, devido ao fato de sermos obrigados a postergar alguns itens muitíssimo interessantes do cardápio de diversões disponíveis no tempo livre.

Por outro lado é bom em outros aspectos, entre os quais a sensação de sermos mais do que nós mesmos, de produzir coisas que representarão mais do que a simples realização de um ato mecânico - mesmo que, no caso profissional, o denominador comum seja sempre a moeda.

Partindo para os papos sentimentais, ter muita coisa pra fazer é um ótimo remédio para apaguar aquela chama que machucou um dia. E, mais especificamente nesse caso, o ideal é que justamente as "muitas coisas a fazer" não tenham NADA a ver com se relacionar com outras pessoas - pelo menos não até a tal chama estar seguramente extinta.

Mas o que devemos fazer quando a sobrecarga ocorre num momento de PAZ?

Corrigindo: num momento que QUEREMOS PAZ???

Crescimento profissional, coisas novas e pessoas novas. Papos novos (mesmo que só sobre trabalho) e uma remuneração adicional parecem compor uma boa aritmética pelo momento. E sendo uma sobrecarga de atividades profissionais, a recompensa fornecida pela auto-superação e reconhecimento desse esforço tem uma durabilidade boa (alguém aí se lembra do mecanismo de recompensa do nosso cérebro? olha ele atuando aí gente...).

Que seja... que seja. Eu continuo precisando de férias.

terça-feira, setembro 13, 2005

Eu vi a Vaca.

Na verdade eu vi três delas. Sim, das quadrúpedes (tá pensando o quê???).

E o melhor: estavam estáticas, paradas e absolutamente inertes. De pé. Uma na calçada da Av. Paulista em plena luz do dia, e outras duas ali no hall do terminal rodoviário Tietê.

Estou falando das vacas do Cow Parade. Sim, elas já chegaram em São Paulo. É bom ter algo pra quebrar a rotina do dia a dia (como se eu tivesse rotina né? trabalhando cada dia em uma cidade diferente... pfe).

A vaca que mais gostei, a mais simpática de todas, é a da Paulista. Toda feita de recortes e colagens de folhas da lista telefônica. Algo mais paulistano, impossível.

O engraçado nesse evento (já que eu vejo graça em tudo né?), é que as vacas são reproduções em tamanho real dos bovinos de verdade. Apenas com a diferença de serem estátuas e contarem com cores e estamas um pouco mais "animais".

Não fiquei muito tempo observando cada vaca que crusou meu caminho, mas fiquei matutando sobre elas... sobre como, mais uma vez, a interpretação do que se vê está nos olhos de quem olha.

A vaca existe realmente? Ou seria apenas uma ilusão da minha mente? Eu sou eu ou sou o sonho de alguém? (olha matrix aí gente). Se eu tocar a vaca então ela é de verdade? Os outros também estão vendo a vaca? Aquela vaca é daquela cor mesmo? Eu sou a vaca?

E outras mirabolantes viagens. Nesse momento agradeço aos meus queridos pensadores gregos e seus filósofos colegas de profissão, que fizeram o favor de realizar estas mesmas perguntas - ainda com a facilidade de nos deixar seu legado por escrito. A resposta pra questão da vaca está lá, disponível pra consulta por qualquer pessoa banal (ou nem tão banal assim).

O que me resta é a contemplação, a confirmação de que as coisas não existem senão dentro de mim. E todas suas consequências (as edificantes e as funestas). A dor já não mais dói, e a vida se torna uma sequência de acontecimentos mais simples de se interpretar. Deste modo, a cada nova situação que se apresenta, podemos ter o poder de reagir do modo que desejamos. Algo meio como prega o budismo, manja? hehehe....

Quando o desejo não mais existe, então a paz encontra onde se acomodar. Tudo que precisamos está dentro de nós. Quando parares de procurar, então encontrarás.

E também nesse momento - como em tantos outros, alguém já fez uma música sobre isso antes. Será que é uma sina da humanidade? Reinventar a roda? Bom, essa é a minha roda. Mas sobre isso os filósofos já filosofaram também...

Titãs - Provas De Amor
by Paulo Miklos

Acabo de te trair
Em pensamento
Não deixo você ouvir
O que te traz sofrimento
Acabo de me trair
O que é que eu estou dizendo ?

Se é amor tem
Desencontros
Amar também
Um contra o outro
E lutar sempre
Por esse amor
Que morre e reascende
Melhor

Existem provas de amor
Provas de amor apenas
Provas de amor
Não existe o amor
Não existe o amor
Não existe o amor não existe
O amor
Apenas provas de amor

Acabo de me separar
Sem fazer alarde
Te ligo quando chegar lá
E te escondo a verdade
Nós vamos nos reconciliar
E você nem sabe

Se é amor tem
Desencontros
Amar também
Um contra o outro
E lutar sempre
Por esse amor
Que morre e reascende
E não tem fim

Combinamos
Destruir mas
Sempre estamos
Enganados
Vendo-o ressurgir
É você que eu amo

Existem provas de amor
Provas de amor apenas
Provas de amor
Não existe o amor
Não existe o amor
Não existe o amor não existe
O amor
Apenas provas de amor

segunda-feira, setembro 12, 2005

Dificuldades.

O ser humano é cheio de inventar onda, não é? Tudo bem que é importante termos um objetivo a ser alcançado, algo que nos motive sempre a ir um pouquinho mais adiante. Isso funciona como um mecanismo de recompensa, acionando circuitos no nosso cérebro que liberam endorfinas (que nos dão a sensação de prazer) a cada vez que alcançamos alguma coisa que desejamos. E após um período de tempo, a sensação passa e nos sentimos impulsionados a buscar um novo objetivo. E assim caminha a humanidade...

Esse é um meio de interpretar o "fogo divino", essa maravilhosa característica que diferencia o Homo Sapiens Sapiens de todo o restante do mundo animal. É por isso que nossos ancestrais não se contentaram em viver em cabanas. Um deles inventou de querer algo melhor, foi lá e fez. É por isso que existem workaholics viciados em trabalho, que têm na superação profissional sua tão almejada recompensa (e também existem viciados em aventura, em fama, em conquistar pessoas, em sexo, em música, em humilhar os outros, em drogas, e etc etc etc..... cada um busca sua própria forma de recompensa - mesmo que não seja saudável).

O mais engraçado é perceber que de repente, isto pode se transformar de um simples mecanismo autônomo para um "way of life". Não adianta negar, existem pessoas que preferem (conscientemente) escolher justo aquela alternativa mais difícil para encarar. (E quem negar veementemente é porque faz isso também...).

Acontece que isto pode trazer algumas consequências. E não estou recriminando quem prefere "viver pelo mais difícil", de maneira alguma! Nem dando um sermão. Apenas divagando sobre este intrigante modo de vida.... Uma vez que a pessoa decide tentar o mais difícil, a chance de obter sucesso é cada vez menor, correto? E o esforço compreendido para atingir tal objetivo é cada vez maior, não é?

Podemos até equacionar: maior dificuldade = menor chance de sucesso + maior esforço.

Fica mais simples assim? Mas pra quê todo esse escarcéu, você deve estar ser perguntando, prezado leitor. Bom, porque ocasionalmente acontece de um desses "complexos seres que querem sempre o mais difícil" topar comigo na estrada da vida. Seja para participar de uma bela caminhada, ou apenas para desabafar sob o efeito de um chopp. É estranho e engraçado ouvir "eu quero sempre o mais difícil, e depois que consigo perde a graça.", ou "o que é muito fácil não tem graça" e suas diversas variantes. Ou ainda ver gente reclamando da má-sorte, quando na verdade a pessoa escolhe justo o que está fadado ao fracasso.

O mais engraçado nessa conta, é que o mecanismo cerebral de recompensa funciona sempre do mesmo modo: atingiu o objetivo, fica feliz e satisfeito, e depois insatisfeito de novo. E daí toca a aumentar a dificuldade para ver se dessa vez a felicidade dura mais. Talvez a busca por algo tão inatingível seja no fundo um modo muito eficiente de fugir. Uma coisa tão bem disfarçada, que leva a própria pessoa a crer que está justamente correndo atrás da felicidade, quando na verdade está fugindo dela o mais rápido possível.

Penso que todos deveríamos nos comportar como os gatos. Isso sim. Que toda vez que saem de casa olham para tudo como se tudo fosse novo. Cheiram cada flor, sobem em cada muro e olham ao longe curiosos - a casa amarela de hoje não é a mesma casa amarela de ontem. Não é porque aquele rato está lá looooonge que isto o torna mais apetitoso. Não é porque aquela flor já estava aqui ontem que isto a torna menos cheirosa e bela.

Os gatos sim que sabem o correto valor das coisas. Cada flor é única e insubstituível.

Talvez por buscar um modo mais simples de viver, de encarar o mundo (e embora nem sempre com sucesso), eu acabe errando na medida de vez em quando. Porque quando falamos de gatos, não importa se a flor vai valorizá-lo ou não. Mas quando falamos de humanos, isso importa. E no final das contas, quem não sabe valorizar e respeitar o outro, é porque não se valoriza e não se respeita. E viva os gatos!

In the end, the love you take is equal to the love you gave.